-
Notifications
You must be signed in to change notification settings - Fork 15
Commit
This commit does not belong to any branch on this repository, and may belong to a fork outside of the repository.
* add plaintext samples * remove shakespeare sample * add txt files to analyzer test * fix missing colons on analyzer tests * add plain text to scanner_test Co-authored-by: Pedro Tashima <[email protected]>
- Loading branch information
Showing
3 changed files
with
77 additions
and
0 deletions.
There are no files selected for viewing
This file contains bidirectional Unicode text that may be interpreted or compiled differently than what appears below. To review, open the file in an editor that reveals hidden Unicode characters.
Learn more about bidirectional Unicode characters
This file contains bidirectional Unicode text that may be interpreted or compiled differently than what appears below. To review, open the file in an editor that reveals hidden Unicode characters.
Learn more about bidirectional Unicode characters
This file contains bidirectional Unicode text that may be interpreted or compiled differently than what appears below. To review, open the file in an editor that reveals hidden Unicode characters.
Learn more about bidirectional Unicode characters
Original file line number | Diff line number | Diff line change |
---|---|---|
@@ -0,0 +1,50 @@ | ||
A água chia no púcaro que elevo à boca | ||
|
||
A água chia no púcaro que elevo à boca. | ||
«É um som fresco» diz-me quem me dá a bebê-la. Sorrio. O som é só um som de chiar. | ||
Bebo a água sem ouvir nada com a minha garganta. | ||
|
||
A Criança | ||
|
||
A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas Age como um deus doente, mas como um deus. Porque embora afirme que existe o que não existe Sabe como é que as cousas existem, que é existindo, Sabe que existir existe e não se explica, | ||
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir, | ||
Sabe que ser é estar em um ponto | ||
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer. | ||
|
||
A Espantosa Realidade das Cousas | ||
|
||
A espantosa realidade das cousas | ||
É a minha descoberta de todos os dias. | ||
Cada cousa é o que é, | ||
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra, E quanto isso me basta. | ||
|
||
Basta existir para se ser completo. | ||
|
||
Tenho escrito bastantes poemas. | ||
Hei de escrever muitos mais. naturalmente. | ||
|
||
Cada poema meu diz isto, | ||
E todos os meus poemas são diferentes, | ||
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto. | ||
|
||
Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra. | ||
Não me ponho a pensar se ela sente. | ||
Não me perco a chamar-lhe minha irmã. | ||
Mas gosto dela por ela ser uma pedra, | ||
Gosto dela porque ela não sente nada. | ||
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo. | ||
|
||
Outras vezes oiço passar o vento, | ||
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido. | ||
|
||
Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto; | ||
|
||
Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo, Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar; | ||
Porque o penso sem pensamentos | ||
Porque o digo como as minhas palavras o dizem. | ||
|
||
Uma vez chamaram-me poeta materialista, E eu admirei-me, porque não julgava | ||
Que se me pudesse chamar qualquer cousa. Eu nem sequer sou poeta: vejo. | ||
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho: | ||
O valor está ali, nos meus versos. | ||
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade. |